segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Encoprese Infantil

Encoprese é uma doença relativamente comum na infância que continua a ser mal compreendida, por esta razão, é importante explicá-la mais uma vez.
“Do grego em-kópros-osis, etimologicamente, processo patológico não inflamatório que afeta a defecação” (Miguel Ângelo Simon).
Encoprese Infantil denomina uma situação de dificuldade que algumas crianças apresentam para controlar adequadamente os esfíncteres. Pode-se constatar através de variações na quantidade e consistência de fezes na cueca ou calcinha e em outros lugares impróprios, na ausência de patologia orgânica.
Diversos estudos realizados com criança puderam constatar que a encoprese é uma doença Psicofisiológica do trato gastrintestinal “no qual se constata a existência de uma importante interação entre eventos ambientais, hábitos comportamentais, experiência emocional e fisiologia anorretal.” (Simon, 1996)
Segundo o DSMIV os critérios para o diagnóstico são: •Critério A - Evacuação repetida de fezes em locais inadequados (por ex., roupas ou chão), seja voluntário ou involuntário; •Critério B - O evento deve ocorrer pelo menos uma vez por mês por no mínimo 3 meses; •Critério C - A idade cronológica da criança deve ser de pelo menos 4 anos (ou, para crianças com atrasos no desenvolvimento, uma idade mental mínima de 4 anos); •Critério D - A incontinência fecal não deve ser devido exclusivamente aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., laxantes) ou a uma condição médica geral, exceto através de um mecanismo envolvendo obstipação.
A encoprese já definida claramente, temos também que classifica-la em:
Primária – ausência de controle, ou seja, a criança nunca adquiriu o controle voluntário dos mecanismos de evacuação; Secundária – perda de controle, ou seja, a criança chegou a desenvolver o controle voluntário dos mecanismos de evacuação, então ocorre a regressão.
Há dois subtipos importantes: Retentiva – conseqüência da constipação crônica com incontinência por transbordamento; Não retentiva - refere-se a sujidade inadequada, sem evidência de prisão de ventre e retenção fecal. Uma causa orgânica para a encoprese não retentivo raramente é identificado. A avaliação médica é geralmente normal, e sinais de constipação são visivelmente ausente.
Aproximadamente 80-95% das crianças com encoprese têm uma história de constipação ou evacuações dolorosas. Os restantes 50-20% tem encoprese não retentivo, no entanto, muitas destas crianças têm uma história remota de constipação ou defecação dolorosa ou demonstram evacuação incompleta durante a defecação ao exame físico ou a avaliação radiográfica.
Muitas vezes, a encoprese é acompanhada por algum grau de desordem das emoções ou comportamento. Não é clara a linha de separação que acompanha uma desordem de emoções e distúrbios comportamentais. Estudos sugerem que a maioria das dificuldades comportamentais associadas com encoprese pode ter a encoprese como resultado e não a causa.
A criança com encoprese frequentemente sente vergonha e pode ter o desejo de evitar situações (por ex., acampamentos ou escola) que poderiam provocar embaraços. O grau de prejuízo está relacionado ao efeito sobre a auto-estima da criança, seu grau de ostracismo social por seus companheiros e raiva, punição e rejeição por parte dos responsáveis por seus cuidados. O fato de a criança sujar-se com fezes pode ser deliberado ou acidental, resultando de sua tentativa de limpar ou esconder as fezes evacuadas involuntariamente. Quando a incontinência é claramente deliberada, características de Transtorno Desafiador Opositivo ou Transtorno da Conduta também podem estar presentes. Muitas crianças com encoprese também têm enurese.
O treinamento inadequado e inconsistente do controle esfincteriano e o estresse psicossocial (por ex., ingresso na escola ou o nascimento de um irmão) podem ser fatores predisponentes.
A encoprese pode persistir com exacerbações intermitentes por anos, mas raramente se torna crônica.
Algumas causas: - Predisposição física ineficiente para a função intestinal e motilidade - Tratamento prolongado com laxantes e supositórios. - Fissuras anais. - Prisão de ventre. - Pacientes com dietas de partida para a constipação constipação. - Causas de origem emocional. - Comum em crianças com autismo ou graves distúrbios emocionais.
A criança pode perceber a evacuação como uma experiência negativa e segurar as fezes por medo das conseqüências do resultado sujo e, como conseqüência, serão retidos resultando em encoprese.
Em qualquer idade, estresse psicossocial ou doença pode determinar a regressão do controle intestinal ou uma mudança nos hábitos intestinais que podem melhorar a encoprese.
Encoprese é mais comum durante o dia que à noite.
O sucesso do tratamento da encoprese requer uma combinação de terapia médica, intervenção nutricional e intervenção terapia comportamental.
A psicoterapia ajudará a criança a lidar com os sentimentos associados de vergonha, culpa, isolamento, baixa auto-estima.
Pensar que é um problema temporário pode levar a complicar o quadro.
Postado por: Simone Barbosa Pasquini no endereço: http://psicoterapiacomportamentalinfantil.blogspot.com.br/2011/07/vamos-falar-de-encoprese-infantil.html. Acesso: 26 ago. 2013.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Discutindo sobre o AEE

Discutir sobre o Atendimento Educacional Especializado/AEE em tempos de convulsões sociais é reivindicar o cumprimento, a realização de melhores serviços garantidos por leis que regem o funcionamento da sociedade atual. O AEE chega a ser um tema atual e necessário de conhecermos melhor para não omitir ou negarmos à população acadêmica como assim o faz alguns poderes públicos, atropelando a própria legislação em vigência no decorrer das últimas três décadas. Compreendemos o AEE enquanto processo realizado a partir da Sala de Recursos Multifuncionais/SRM capaz de conduzir o professor a realizar práticas diferenciadas no contexto da educação inclusiva contribuindo para um maior e melhor desempenho do aluno junto aos demais profissionais envolvidos no processo de inclusão. Processo que perpassa todos os níveis de aprendizagem conforme as necessidades de cada pessoa, considerando suas especificidades e potencialidades na/para a construção do saber, garantindo o “aprendizado ao longo de toda a vida”, como preconiza o Decreto nº 6.711/2011, artigo 1º, inciso I (BRASIL, 2011). Neste sentido, o papel do professor do AEE na escola é de fundamental importância quando se trata de oferecer suporte aos discentes e docentes de sala de aula, da escola, bem como, a toda a comunidade escolar. Sabemos que o serviço desenvolvido na SRM não visualiza apenas o que já é feito em sala de aula, mas algo que venha a somar, a contribuir para a eliminação de obstáculos e barreiras que impactam na aprendizagem dos alunos. Para isso, a utilização do estudo de caso (através da coleta de dados, informações, etc.) se configura como ferramenta eficaz, de grande importância para o desenvolvimento do trabalho do professor do AEE pelo fato de traçar um perfil da pessoa, suas especificidades, potencialidades, o que conseguem ou não realizar em sala de aula, em casa ou no laser (afazeres domésticos, atividades de vida diária, etc.) alcançando um dos objetivos do Atendimento Educacional Especializado: “fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem” (art. 3º, inciso III, Decreto nº 6.711/2011). Ações que deverão estar contempladas no Plano de Atendimento Educacional Especializado aonde será traçado estratégias pedagógicas conforme a necessidade de cada pessoa, buscando desenvolver atividades, metodologias que contribua para fazê-lo avançar na aprendizagem, socialização, formação humana, etc., inerentes a todo ser capaz de pensar, refletir, observar o próprio mundo e transformá-lo num mundo melhor. No entanto, é através da coleta de dados, no estudo de caso, que se desenvolvem as estratégias de atuação, de atendimento a ser utilizado com/para cada sujeito envolvido no processo de AEE. Portanto, a atuação do professor do AEE na escola, na sala de recurso multifuncional, o estudo de caso e o plano de AEE devem acontecer de forma prática e de acordo com cada realidade no chão da escola e no contexto da educação inclusiva. Josenildo Pereira da Silva