quarta-feira, 2 de julho de 2014

Breves reflexões sobre modelos

A aprendizagem, o saber, o conhecimento é inerente a todos os seres pensantes, o que pode diferenciar são as maneiras de assimilação alcançada conforme as especificidades adquiridas a partir da motivação, dedicação, do desejo, interesse, da oportunidade de cada pessoa.

Dito isto, e refletindo sobre o texto “o modelo dos modelos” de Ítalo Calvino, é interessante analisar alguns casos isolados e também em conjunto com outros. Isso passa a ser relativo conforme a necessidade de adquirirmos os vários conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre a vida, sobre tudo.

Olhar por partes pode ser importante sim, para compreender o todo, dependendo das circunstâncias. Imaginemos se conseguiríamos enxergar o todo relacionado ao público alvo do AEE, no nosso caso, conhecer sobre todas as deficiências, síndromes, os transtornos, etc., tornar-se-ia quase impossível. Como exemplo, podemos citar este curso, aprendemos por módulos, e, ainda não vamos abordar tudo (faltou AH/SD). Por isso, tentamos conhecer um pouco sobre cada especificidade, após algum tempo de dedicação, poderemos ter uma compreensão básica do todo.

Acredito que o respeito para com as pessoas acontece a partir do conhecer, substituindo a ignorância pela vontade de ajudar, de compartilhar, de melhor viver. Com o conhecimento, podemos ter mais segurança para ajudar, compartilhar o saber, então conhecendo as dificuldades geradas pela deficiência pode facilitar o trabalho no AEE (Atendimento Educacional Especializado), principalmente focando nas potencialidades, pois o ser humano deve ser enxergado em sua essência e não na aparência, para isso precisa ser conhecido/reconhecido enquanto tal.

Não devemos nos apegar a ideias antigas que não fazem efeito no mundo moderno, ou pós-moderno, como queiram considerar. Os paradigmas, ideias ou modelos existem para serem quebrados, ultrapassados, trocados por novas maneiras de pensar, de agir, por novos paradigmas capazes de gerar mais conforto a humanidade até surgir novos paradigmas.

O texto nos instiga a realizar uma breve reflexão, no entanto, pode ser importante não apagar os velhos modelos que já internalizamos, mas melhoramos, reestruturamos, transformando-os em ações mais atuais, eficientes e mais eficazes.


Portanto, defendemos que o ser humano existe para ter mobilidade, ser ouvido e enxergado, ter liberdade de pensamento em todo lugar e a qualquer momento, com ética, amor e respeito ao próximo.

domingo, 8 de junho de 2014

Atividade para pessoa com TEA: recursos e estratégias em baixa tecnologia

Atividade: Jogos de Tabuleiro para crianças com TEA

Jogos, público, transtorno, idade:

Damas e Xadrez podem ser desenvolvidos junto aos alunos com transtorno do espectro autista, acima de 5 anos pelo fato de desenvolver habilidades de lógica, estratégica e tática e concentração, assim como, interação e linguagem. São jogos considerados de média e alta complexidade, respectivamente.
Jogos de tabuleiro são excelentes para crianças autistas porque viabilizam muitas oportunidades de aprendizado.
As crianças aprendem a esperar, estabelecer turnos no diálogo, e referenciar outros. Também ajuda como lição para contagem numérica, além de ajudar no brincar desenvolvendo a linguagem verbal.


O local na qual a atividade pode ser desenvolvida pode ser de acordo com a necessidade, comportamento e aceitação do aluno:

Na sala de aula a partir de atividade conjunta e planejada com o/a professor/a;
Durante o Atendimento Educacional Especializado e/ou no pátio, com o respectivo profissional e/ou com outro colega de sala e/ou da escola;
Na Biblioteca, a partir de momento planejado com os demais professores/as de sala e colegas; etc.


Representação visual dos jogos




        A atividade com damas consiste em subtrair as pedras do adversário e formar damas, mantendo movimentos e trajetos sempre na diagonal.
Já com xadrez, cada jogador busca capturar o rei, através de xeque-mate, com movimentos além de diagonais, paralelos e perpendiculares, dependendo da figura a ser movida: rei, rainha, cavalo, torre, pino, bispo.
Ambos requerem atenção, concentração, planejamento cálculo, organização, coordenação motora, etc. Desafio ideal para crianças a parti de 5 anos.
Podem ser desenvolvido com diversos conteúdos, desde operações com números naturais (soma, subtração, etc.), tamanho das figuras, até alfabetização e/ou leitura, história inventada, construída a partir das cores, dos nomes de cada figura do xadrez; conforme as necessidades de cada aluno.
As intervenções do/a professor/a do AEE pode se dar a partir de orientação e/ou participação direta com o aluno, dependendo da necessidade da pessoa com a qual será trabalhada, de como se dará, do local a ser desenvolvido, do objetivo a alcançar, etc.


Algumas estratégias para professores de crianças com TEA:

Não atuar de forma diretiva e controladora, dando oportunidade para a criança manifestar seus desejos, interesses e necessidades;
Não dar automaticamente as coisas para a criança: aguardar que ela tome a iniciativa para solicitar os objetos;
Fornecer oportunidades que favoreçam a comunicação e saber aguardar uma resposta;
Garantir a proximidade física e o contato face a face: esta facilita o intercâmbio comunicativo;
Dar nomes as coisas, de modo natural. Nomear sistematicamente objetos e ações aumenta a possibilidade de compreensão, assim como conduz ao uso de palavras novas.


Referências:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Damas. Acesso: 06 jun. 2014.

domingo, 20 de abril de 2014

Surdocegueira x deficiência múltipla


SURDOCEGUEIRA X DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA: pontos a serem considerados

Nestas breves palavras procuramos tecer alguns comentários sobre algumas diferenças entre surdocegueira e deficiência múltipla, quais as necessidades básicas das pessoas, assim como, as estratégias que são utilizadas para aquisição de comunicação. Não temos aqui a intenção de esgotar tais comentários nem tão pouco os pontos em comum a cada campo de estudo.
 
Informativo sobre Surdocegueira e Deficiência Múltipla
 
Pontos
Surdocegueira
Deficiência Múltipla
 
 
 
 
No que diferenciam
É uma deficiência única que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa e um sistema para dar este suporte. A surdocegueira pode ter origem congênita ou adquirida.
A pessoa que nasce com surdocegueira ou que fica surdocega não recebe as informações sobre o que está sua volta de maneira fidedigna, ela precisa da mediação de comunicação para poder receber, interpretar e conhecer o que lhe cerca.
Seu conhecimento do mundo se faz pelo uso dos canais sensoriais proximais como: tato, olfato, paladar, cinestésico, proprioceptivo e vestibular.
São os casos que têm mais de uma deficiência associada. Pessoa com deficiência múltipla sensorial é aquela que “apresenta deficiência visual ou auditiva, associada a outras condições de comportamento e comprometimentos, sejam elas na área física, intelectual ou emocional, e dificuldades de aprendizagem” (MEC/SEESP/2006).
 
 
 
Necessidades básicas
 
 
Dificuldade em observar, compreender e imitar o comportamento de membros da família.
Dificuldades nos seguintes pontos:
- em dirigir atenção para estímulos relevantes;
- na interpretação da informação;
- na generalização;
- Limitações no acesso ao ambiente;
É necessário organizar o mundo da pessoa por meio do estabelecimento de rotinas claras e uma comunicação adequada.
Estratégias para aquisição de comunicação
Planejar o ambiente e planejá-lo adequadamente para inserção da pessoa com surdocegueira, favorecendo a interação com pessoa e objetos;
Antecipação do que vai acontecer ou o local em que vai acontecer a atividade;
Confirmar se ela está interpretando as informações e a todo o momento comunicar o que ocorre no ambiente.
Estabelecimento de rotinas claras e uma comunicação adequada;
Ambiente reativo, que responda a suas iniciativas. Seu tempo de resposta deve ser respeitado e a habilidades de fazer escolhas deve estar dentro de suas atividades programadas.
Semelhanças
Utilização do tato como uma ferramenta para o aprendizado, pois as informações táteis são essenciais ao desenvolvimento de conceitos;
A pessoa que nasce com surdocegueira ou que fica surdocega não recebe as informações sobre o que está sua volta de maneira fidedigna, ela precisa da mediação de comunicação para poder receber, interpretar e conhecer o que lhe cerca.
Seu conhecimento do mundo se faz pelo uso dos canais sensoriais proximais como: tato, olfato, paladar, cinestésico, proprioceptivo e vestibular;
Na deficiência Múltipla não garantimos que todas as informações muitas vezes chegam para a pessoa de forma fidedigna, mas ela sempre terá o apoio de um dos canais distantes (visão e ou audição) como ponto de referência, esses dois canais são responsáveis pela maioria do conhecimento que vamos adquirindo ao longo da vida.
 Ambos os casos têm a comunicação como aspecto mais importante.

Para Maia (2005, p. 2), denomina-se surdocego congênito quem nasce com esta única deficiência, como por exemplo, pela rubéola adquirida no ventre da mãe. Já a surdocegueira adquirida é quando a pessoa nasce ouvinte, vidente, surda ou cega e adquire, por diferentes fatores, a surdocegueira (MAIA, 2005, p. 2).
 
Em resumo, podemos afirmar o seguinte:
Surdocegueira é uma deficiência única que apresenta a perda da audição e visão de tal forma que a combinação das duas deficiências impossibilita o uso dos sentidos de distância, cria necessidades especiais de comunicação, causa extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais, recreativas, sociais, para acessar informações e compreender o mundo que o cerca.
Múltipla deficiência sensorial é a deficiência auditiva ou a deficiência visual associada a outras deficiências (mental e/ou física), como também a distúrbios (neurológico, emocional, linguagem e desenvolvimento global) que causam atraso no desenvolvimento educacional, vocacional, social e emocional, dificultando a sua auto-suficiência.
Algumas das principais causas da surdo-cegueira?
O grupo mais numeroso de surdocegos é composto por pessoas com 65 anos ou ainda mais idosas, que adquiriram a deficiência sensorial tardiamente. As causas da surdo-cegueira podem ser acidentes graves; a condição genética do síndrome de Usher (as manifestações clínicas desta síndrome incluem a surdez, que se manifesta logo no início da vida e a perda visual que ocorre, geralmente, mais tarde) e surdo-cegueira congênita resultante de doenças como a rubéola ou de nascimentos prematuros.
Saiba mais: http://www.ibcnet.org.br/Paginas/Cegueira/Cegueira_05. Acesso: 18 abr. 2014.

terça-feira, 11 de março de 2014

Pontos e contrapontos de uma realidade irreal

O texto discute alguns pontos relevantes sobre a educação escolar de alunos com surdez à luz do pensamento pós-moderno, defende que os processos perceptivos, linguísticos e cognitivos poderão ser estimulados e desenvolvidos, tornando-os seres humanos com potencialidade para adquirir e desenvolver não somente os processos visuais-gestuais, mas a leitura e escrita das línguas em seus entornos.
Ao abordar o Atendimento Educacional Especializado como uma nova possibilidade para as pessoas com surdez, em que a Libras e a Língua Portuguesa escrita são línguas de comunicação e instrução, a autora legitima a abordagem bilingüe e destaca o Decreto 5.626/2005, que determina o direito de uma educação que garanta,


A formação da pessoa com surdez, em que a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, preferencialmente na sua modalidade escrita, constituam línguas de instrução, e que o acesso às duas línguas ocorra de forma simultânea no ambiente escolar, colaborando para o desenvolvimento de todo o processo educativo (DAMÁZIO, 2010, p. 50).


É importante que o acesso às duas línguas, como enfatiza a autora, seja oferecido a todas as crianças e não apenas aquelas com surdez, pois o direito é para todos.
Para Damázio (2010, p. 14), a inclusão do aluno com surdez deve acontecer desde a educação infantil até a educação superior, garantindo-lhe, desde cedo, utilizar os recursos de que necessita para superar as barreiras no processo educacional e usufruir os seus direitos escolares [...]. Com isso, entendemos que para utilizarmos os recursos possíveis de superar as barreiras os professores de sala de aula comum, precisam também de formação continuada sobre tais temáticas uma vez que não a tivemos na graduação ou em outros momentos formativos que nos proporcionasse conhecimentos para desenvolvermos novas práticas.
A partir da literatura estudada e dos pontos destacados, concordamos com a afirmativa da urgência de deflagrarmos iniciativas que desconstruam os modelos conservadores da escola e buscarmos formas de superar esses entraves do cotidiano educativo na escola comum, para romper suas barreiras excludentes [...] (DAMÁZIO, 2005, p. 17).
Uma das formas que poderíamos utilizar para desconstruir os modelos conservadores da escola seria a utilização de práticas pedagógicas transformadoras que devem partir daqueles professores que atuam na realidade irreal de cada sala de aula comum, considerando a participação e as potencialidades das pessoas com surdez. Realidade irreal devido ao fato de ainda não ser praticado o que está teorizado na literatura, nos documentos legais. No entanto, pesquisas recentes apontam uma carência na formação continuada oferecida aos professores das respectivas salas. Fato que já se arrasta por várias décadas na educação brasileira. A formação quase não chega aos professores de sala de aula comum. Quando isso acontece, uma das exigências é estar atuando junto ao aluno com deficiência. No ano seguinte, o professor que deveria ter realizado formação recebe o aluno que avançou. Esta é a dinâmica planejada pelas autoridades competentes para gastar os recursos públicos e contribuir muito pouco para melhoria do serviço.
Com as práticas transformadoras construiríamos espaços acolhedores que, segundo Bueno (2001), também representam relações de poder e refletem “determinações de classe, raça e gênero e é na superação dessas determinações que poderemos, contínua e sistematicamente, construir instituições escolares crescentemente democráticas para os ouvintes e para os surdos” (BUENO, 2001, p. 41). 
Neste sentido, Damázio (2005, p. 18-19) alerta que “precisa ser uma escola que se organiza para todos, independentemente de alguma pessoa ter deficiência visível, no qual todas as diferenças são reconhecidas e a valorização do potencial humano é a prioridade do fazer educativo cotidiano”. No entanto, penso que seria interessante se a escola comum tivesse condições de ensinar a língua de sinais a todas as pessoas, independente de ter ou não surdez. Para isso, um ponto essencial é não apenas a formação de professores, mas a sua valorização e reconhecimento pelo esforço em contribuir com a transformação social através da educação. Desta forma, estaríamos viabilizando o diálogo entre todos os atores no e do contexto escolar, ultrapassando o obstáculo do ensino ou não da língua A ou B para determinado grupo ou comunidade, pois, todos tem o direito ao conhecimento, a aprendizagem de tudo que os proporcionem autonomia pra viver melhor numa sociedade democrática que olha pra todos sem qualquer distinção.


Referências


BUENO, José Geraldo Silveira. Educação inclusiva e escolarização dos surdos. Revista Integração. Brasília: MEC. nº 23, p. 37-42, Ano 13, 2001. 


DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo. Educação Escolar da Pessoa com Surdez: uma rápida contextualização histórica. 2005. mimeo.


Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo 05: Educação Escolar de Pessoas com Surdez - Atendimento Educacional Especializado em Construção, p. 46-57.